O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos principais agentes etiológicos de infecções respiratórias em crianças pequenas, especialmente em lactentes com menos de um ano. A bronquiolite viral aguda, frequentemente causada pelo VSR, representa a principal causa de internação em menores de 12 meses no Brasil e no mundo, com impactos significativos na saúde pública e na carga hospitalar pediátrica.
Por sua alta prevalência, sazonalidade bem definida e gravidade potencial em determinados grupos de risco, o VSR é um tema recorrente tanto na prática clínica pediátrica quanto nas provas de residência médica. Reconhecer os grupos elegíveis para profilaxia, entender as indicações dos imunizantes e conhecer as diretrizes atualizadas são habilidades esperadas de quem se prepara para ingressar em programas de residência.
Em fevereiro de 2025, duas grandes novidades foram incorporadas à estratégia de prevenção contra o VSR no Brasil: uma vacina recombinante para gestantes e um novo anticorpo monoclonal para crianças. Essas atualizações ampliam significativamente a cobertura de proteção, alcançando faixas etárias e perfis de risco que antes ficavam desprotegidos.
Este artigo tem como objetivo apresentar, de forma prática e atualizada, as características de cada imunizante, suas indicações específicas e como essas mudanças podem aparecer nas provas de residência médica. Ao final, você será capaz de diferenciar com clareza o papel da vacina, dos anticorpos monoclonais e das estratégias de prevenção do VSR vigentes em 2025.
O que é o VSR e por que ele importa?
O vírus sincicial respiratório (VSR) é um RNA-vírus da família Pneumoviridae, altamente contagioso e responsável por infecções respiratórias agudas, especialmente em crianças pequenas. A principal manifestação clínica do VSR é a bronquiolite viral aguda, uma inflamação dos bronquíolos que pode evoluir com desconforto respiratório importante, hipoxemia e, em casos mais graves, necessidade de internação hospitalar.
Estudos mostram que o VSR é responsável por até 75% dos casos de bronquiolite em lactentes. A maioria dos casos evolui de forma autolimitada, mas grupos de risco como prematuros, crianças com cardiopatias congênitas, síndrome de Down, doença pulmonar crônica e imunossuprimidos têm maior probabilidade de desenvolver formas graves da infecção.
Além do impacto clínico, o VSR tem grande peso no sistema de saúde, especialmente durante os períodos de maior circulação viral, como outono e inverno. A sazonalidade varia conforme a região do Brasil, iniciando mais cedo na região Norte (fevereiro a junho) e se estendendo de março a julho nas demais regiões.
Do ponto de vista acadêmico e da preparação para provas de residência médica, o VSR é um tema clássico, frequentemente abordado em questões que cobram tanto a abordagem clínica da bronquiolite quanto as estratégias de prevenção. Com as novas medidas profiláticas lançadas em 2025, o tema se atualiza e ganha ainda mais relevância.
Palivizumabe: o que já existia
Antes das atualizações recentes, a principal medida de profilaxia contra o VSR disponível no Brasil era o Palivizumabe, um anticorpo monoclonal que atua de forma passiva contra o vírus. Utilizado desde 2018 no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), seu uso sempre foi restrito a grupos de alto risco, devido ao alto custo e à complexidade logística de administração.
O Palivizumabe é indicado nos seguintes casos, conforme protocolos vigentes até 2025:
- Prematuros com idade gestacional ≤ 28 semanas, no primeiro ano de vida
- Crianças com até 2 anos de idade com:
- Doença pulmonar crônica da prematuridade com repercussão clínica (uso de oxigênio domiciliar, diuréticos, etc.)
- Cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica
A aplicação é feita de forma profilática e sazonal, com cinco doses mensais por via intramuscular, iniciando pouco antes do período de maior circulação do VSR. A sazonalidade deve ser considerada regionalmente. Por exemplo, em São Paulo e outras regiões do Sudeste, as aplicações geralmente começam em abril, antecipando o pico de casos entre maio e julho.
Embora eficaz, o Palivizumabe sempre teve uma cobertura limitada, deixando de fora prematuros mais tardios, imunossuprimidos, pacientes com síndrome de Down, fibrose cística ou outras anomalias respiratórias congênitas. Essa lacuna foi o principal motivador para o desenvolvimento e incorporação dos novos imunizantes apresentados em 2025.
Vacina para gestantes: a grande novidade
Uma das principais inovações na prevenção contra o VSR em 2025 foi a introdução de uma vacina recombinante inativada destinada às gestantes. Essa estratégia tem como objetivo induzir a produção de anticorpos maternos contra os tipos A e B do VSR, que são então transferidos ao feto pela via transplacentária, conferindo proteção passiva ao recém-nascido durante os primeiros meses de vida — fase de maior vulnerabilidade às formas graves da infecção.
Essa vacina foi aprovada pela Anvisa para aplicação a partir da 24ª semana de gestação, porém o calendário definido prevê sua administração ideal entre 32 e 36 semanas, independentemente do período de sazonalidade do VSR. A justificativa para esse intervalo é dupla:
- Maior eficiência na transferência de anticorpos para o bebê, que ocorre mais intensamente nas últimas semanas da gestação.
- Limitações nos dados de segurança em gestantes com mais de 36 semanas, já que esse grupo não foi incluído nos principais estudos clínicos.
A aplicação é feita em dose única intramuscular e está prevista para ser universal no Sistema Único de Saúde, o que representa uma mudança importante no calendário vacinal da gestante. A inclusão dessa vacina reforça a estratégia de proteção dos lactentes menores de 3 meses — faixa etária com maior risco de hospitalização e complicações associadas ao VSR.
Essa medida amplia significativamente a cobertura preventiva, especialmente considerando que os bebês nessa idade ainda não possuem imunidade própria desenvolvida contra o vírus e, até então, estavam parcialmente desassistidos nas políticas públicas de imunização.
Nirsevimabe: o novo anticorpo monoclonal
Além da vacina para gestantes, outro avanço importante na prevenção do VSR em 2025 foi a introdução do Nirsevimabe, um novo anticorpo monoclonal de longa duração. Diferente do Palivizumabe, o Nirsevimabe permite proteção passiva com apenas uma dose única, o que simplifica a logística de aplicação e amplia a viabilidade de sua incorporação em larga escala.
Esse imunizante tem como público-alvo um grupo mais amplo de crianças, contemplando:
- Prematuros de até 36 semanas e 6 dias de idade gestacional
- Crianças com até 2 anos de idade com condições de risco, como:
- Cardiopatia congênita com repercussão
- Displasia broncopulmonar
- Síndrome de Down
- Fibrose cística
- Doença neuromuscular
- Anomalias congênitas das vias aéreas
- Condições de imunossupressão
Essa ampliação é um marco importante, já que esses pacientes não estavam incluídos nas indicações anteriores do Palivizumabe, apesar do alto risco de complicações respiratórias.
O Nirsevimabe é administrado por via intramuscular em dose única, antes ou durante o período de sazonalidade do VSR. Os resultados clínicos demonstraram reduções relevantes em desfechos clínicos importantes:
- Redução de até 70% nas visitas médicas por VSR
- Redução de até 78% nas hospitalizações por infecção respiratória
Essa eficácia elevada, aliada à dose única e à ampliação das indicações, torna o Nirsevimabe uma ferramenta estratégica, especialmente em sistemas públicos de saúde, com potencial impacto positivo na redução da sobrecarga hospitalar e nas complicações associadas às infecções respiratórias.
Calendário vacinal e sazonalidade do VSR no Brasil
A aplicação dos imunizantes contra o vírus sincicial respiratório (VSR) precisa considerar a sazonalidade da circulação viral, que varia entre as regiões do Brasil. Essa informação é fundamental tanto para profissionais da saúde que atuam na prática clínica quanto para quem se prepara para provas de residência, onde esse tipo de detalhe pode ser cobrado.
A sazonalidade do VSR no Brasil é determinada principalmente por fatores climáticos, como temperatura e umidade, que influenciam a transmissão viral. O padrão observado é:
- Região Norte: circulação predominante entre fevereiro e junho
- Demais regiões (Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste): maior circulação entre março e julho
Com base nesse padrão, a aplicação dos imunizantes deve ser estrategicamente ajustada:
Palivizumabe (anticorpo monoclonal clássico)
- Aplicado em cinco doses mensais, iniciadas um mês antes do início da sazonalidade.
- Exemplo: em São Paulo, a aplicação geralmente se inicia em abril, cobrindo o período crítico entre maio e julho.
Nirsevimabe (novo anticorpo monoclonal)
- Aplicação em dose única intramuscular, antes ou durante o período de maior circulação viral.
- Regiões devem se adequar ao calendário local, garantindo que a dose anteceda o pico da sazonalidade.
Vacina para gestantes
- Não está vinculada à sazonalidade do vírus.
- Deve ser aplicada entre 32 e 36 semanas de gestação, em qualquer época do ano.
- O objetivo é oferecer proteção passiva ao recém-nascido nas primeiras semanas de vida, quando ele ainda não tem maturidade imunológica.
Essa estrutura integrada entre os diferentes imunizantes garante uma cobertura ampliada e escalonada, protegendo tanto os bebês menores que dois a três meses (via imunidade transplacentária) quanto os prematuros e pacientes de risco que não estavam cobertos pelas estratégias anteriores.
O que pode cair na residência médica
Dado o impacto clínico do VSR e as atualizações recentes nas estratégias de imunização, é bastante provável que esse tema apareça nas provas de residência médica de 2025. O foco das bancas costuma recair sobre indicações específicas dos imunizantes, comparações entre eles e aspectos práticos da aplicação, mais do que em mecanismos farmacológicos ou imunológicos detalhados.
O que é essencial saber para a prova:
- Palivizumabe:
- Indicado para prematuros com ≤ 28 semanas de idade gestacional, cardiopatas e pacientes com displasia broncopulmonar.
- Administração mensal, 5 doses durante a sazonalidade.
- Vacina recombinante para gestantes:
- Indicada entre 32 e 36 semanas de gestação.
- Protege o recém-nascido por transferência passiva de anticorpos.
- Aplicada independentemente da sazonalidade.
- Nirsevimabe (novo anticorpo monoclonal):
- Dose única intramuscular.
- Indicado para prematuros de até 36 semanas e 6 dias e grupos de risco ampliados (como síndrome de Down, fibrose cística, doenças neuromusculares).
- Aplicado antes ou durante o pico de circulação do VSR.
Dica prática para memorização:
- Vacina = gestante
- Anticorpo = criança
Questões comuns de prova:
- Identificação correta das indicações conforme idade gestacional e fatores de risco
- Comparação entre Palivizumabe e Nirsevimabe
- Determinação do período de aplicação com base na sazonalidade regional
- Exclusão de alternativas baseadas em confusão entre os imunizantes (por exemplo, atribuir a vacina à criança)
Esse tipo de questão costuma ser direta, mas exige atenção aos detalhes. Por isso, revisar essas atualizações e treinar com questões inéditas pode ser um diferencial importante para garantir pontos valiosos na sua prova.
Conclusão
As atualizações de 2025 sobre a prevenção do vírus sincicial respiratório (VSR) representam um marco na imunização pediátrica no Brasil. Com a incorporação da vacina para gestantes e do novo anticorpo monoclonal Nirsevimabe, amplia-se significativamente a proteção de lactentes e crianças de risco que anteriormente não eram contempladas pelas políticas públicas.
Essas mudanças não apenas têm potencial para reduzir internações e complicações graves relacionadas à bronquiolite, como também se tornam conteúdos centrais nas provas de residência médica. Estar atualizado sobre quem deve receber cada imunizante, como e quando aplicá-los e as diferenças entre eles é hoje um requisito esperado de quem almeja uma vaga competitiva em programas de especialização.
Ao dominar essas atualizações, o candidato não apenas fortalece sua prática clínica futura, mas também aumenta suas chances de pontuar em temas que certamente estarão no radar das principais bancas do país.
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